Por Amanda Pinheiro
Sabe quando você termina o dia exausta, cansada física e mentalmente, e tudo o que se mais precisa é de um bom banho, cair dura na cama e dormir a noite inteira?
Pois é, nem sempre a expectativa corresponde à realidade. Você se deita, vira para um lado, vira para o outro e nada. Aí resolve checar a agenda do dia seguinte, olha as mensagens no WhatsApp e responde algumas.
Decide levantar, vai ao banheiro, dá um pulo na cozinha, toma um copo d´água. Sente fome e come uma coisinha. Volta para a cama e, quando se dá conta, já são altas horas da noite e seu sono foi embora de vez. E o pior, deixou no lugar pensamentos de toda ordem: preocupações, planejamentos, dúvidas, lembranças e por aí vai. Quem nunca?
A meditação e a higiene do sono
A dinâmica descrita é exatamente o oposto do que chamamos de higiene do sono, o conjunto de atividades que devemos adotar como rotina diária para preparar o nosso corpo e mente para uma noite de sono reparadora. A meditação sozinha não vai operar milagres, mas pode ser um componente importante da higiene do sono.
E, ao contrário do que muita gente acha, práticas de meditação realizadas antes de dormir não têm o objetivo de induzir o indivíduo ao sono. É comum pensar: “vou colocar os fones de ouvido, acompanhar a meditação guiada do aplicativo e vou cair no sono antes mesmo da gravação terminar”. Sinto-lhe informar, mas não é assim que funciona. Até existem meditações próprias para preparar o indivíduo para o sono, mas as práticas são realizadas com a pessoa acordada até o final.
A meditação da atenção plena é um exercício que desenvolve em nós a habilidade de relaxamento em vigília e, se é em vigília, significa que precisamos estar despertos. Em inglês, chama-se este estado de awareness, que podemos traduzir como “a consciência de estar alerta”.
O que nos ajuda a ter boas noites de sono quando meditamos com regularidade é o fato de desenvolvermos a capacidade de modular nossas emoções e administrar o estresse durante o dia. Esta forma de lidar com tudo o que nos acontece o tempo todo (o mundo não para, isso é um fato) nos ajuda a acumular menos tensão no corpo e, quando deitamos à noite na cama, nos sentimos mais relaxados e, portanto, mais preparados para dormir bem.
Além disso, a meditação influencia no sono ajudando a reduzir os pensamentos repetitivos, aqueles que ficam girando na mente quando deitamos a cabeça no travesseiro. Este looping de pensamentos pode ser realmente exaustivo e nos deixa ansiosos, traz angústia e sofrimento.
A meditação nos ensina a não nos identificar com estes pensamentos e deixá-los passar, assim como as nuvens que flutuam num céu azul. Como meros observadores, vemos as nuvens surgirem no nosso campo visual, identificamos sua presença e depois elas vão embora.
O que normalmente acontece é que, com os pensamentos, não nos comportamos como quando estamos diante das nuvens. Nos agarramos aos pensamentos e seguimos com eles, normalmente criando narrativas catastróficas, o que só piora a situação.
A meditação da atenção plena nos faz ter a consciência de que aqueles pensamentos que geram insônia, em geral, são sobre situações hipotéticas, que pertencem ao futuro. E, pensando racionalmente, por que sofrer por algo que pode nem sequer acontecer?
Então, se você quer dormir melhor, coloque aí na sua listinha de bons hábitos para a higiene do sono a prática regular da meditação a qualquer hora do dia.
Dormir melhor será apenas um dos inúmeros benefícios que você vai observar na sua vida, pode ter certeza disso.
Fique bem.
Créditos:
Amanda Pinheiro
Instrutora afiliada à Abramind – Rede Aberta de Mindfulness