Com a queda das consultas e serviços eletivos, o modelo ganhou adeptos e o número de consultas de teleatendimento aumentou sensivelmente. Saiba mais neste artigo.
por Aline Montechiari*
Os primeiros sete meses de 2020 forçaram mudanças nas relações de trabalho e a transformação digital de algumas empresas no Brasil, que demoraram anos para acontecer em outros países.
Empresas viram-se, da noite para o dia, precisando adaptar sua rotina, acomodando novos modelos de trabalho e gestão de pessoas para não pararem durante a quarentena causada pela pandemia da Covid-19.
Desde escalas flexíveis ao trabalho remoto, os serviços, principalmente da área de saúde, precisaram se adequar para continuar suas atividades em um negócio que não pode parar: A vida.
Como manter os atendimentos e a relação dos profissionais de saúde, quando a recomendação quanto à melhor forma de se proteger de doenças é o isolamento social? Foi nesse ponto que a telemedicina e suas diferentes modalidades, já existentes antes da pandemia, ganharam força. Com a queda das consultas e serviços eletivos, o modelo ganhou adeptos e o número de consultas de teleatendimento aumentou sensivelmente.
Teleatendimento para todos
Embora algumas especialidades e consultas iniciais sejam mantidas presencialmente, diversos serviços puderam ser adaptados para o modelo remoto.
Até públicos inicialmente mais resistentes têm visto benefícios no atendimento remoto e muito se especula que o teleatendimento seja incorporado à rotina da medicina no futuro pós-pandemia.
Para os pacientes, a modalidade permite a democratização do acesso ao atendimento de qualidade. Mesmo regiões mais remotas, que possuem maior dificuldade de atendimento de algumas especialidades, poderão se beneficiar com um teleatendimento ágil e da possibilidade de interconsultas entre profissionais de saúde regionais e especialistas de grandes centros.
Ainda que o paciente sinta que possa perder o “olho no olho” que ajuda a gerar a fundamental confiança nesse tipo de relacionamento, ele ganha flexibilidade e conveniência, desde o agendamento até a conclusão dos atendimentos.
Não se pode, ainda, deixar de lado que o novo modelo tem o potencial de promover a integração de dados e do cuidado do paciente. Essa visão global e a possibilidade de interconsultas entre especialidades, poderá, se bem utilizada, promover o aumento de diagnósticos mais precisos e ágeis.
O que os profissionais de saúde ganham com isso?
As vantagens para os prestadores de serviços de saúde também são inúmeras. Naturalmente, há a necessidade de uma grande adaptação para o novo modelo, não apenas tecnológica.
Esses profissionais deverão desenvolver competências fundamentais para compensar a distância: a fluência verbal, a capacidade de dar orientações precisas remotamente, a empatia, a organização e capacidade de gerenciar informações, além de, naturalmente, o domínio das tecnologias e controles requeridos pelos órgãos reguladores.
O profissional de saúde vai precisar se reinventar nesse ‘novo normal’, mas vai ganhar alcance e capilaridade na prestação de seus serviços. Com organização, poderá otimizar sua agenda de atendimentos, maximizando a quantidade de atendimentos de qualidade. Consultas rápidas, pontuais, de retorno ou até mesmo algumas consultas de pré-natal, por exemplo, poderão ser mais ágeis e práticas pelo teleatendimento.
Benefícios para todo o sistema de saúde
Sem dúvida alguma, esses benefícios serão refletidos no sistema de saúde. Hospitais e clínicas poderão ser menos sobrecarregados pela demanda excedente local e também de outros municípios, onde o sistema local não consegue atender a tudo. Com menos demanda, a estrutura desses locais poderá direcionar seu foco para casos de maior complexidade e, com isso, oferecer mais qualidade no atendimento.
Outro aspecto a ser considerado é que a telemedicina também poderá possibilitar o gerenciamento contínuo de pacientes crônicos, o que reduz a necessidade de atendimentos emergenciais que, atualmente, ajudam a estrangular os sistemas convencionais.
Em todos os exemplos acima, os benefícios da redução de custos e do aumento de atendimentos, aliados à possibilidade de melhoria em qualidade, parecem evidentes. No cenário econômico atual e, possivelmente, dos próximos meses, eles serão muito bem-vindos.
Nossa convidada
Aline Montechiari é formada em Psicologia pela UFRJ e tem um bacharelado em Psicologia e Criminologia pela University of South Africa.
Consultora em Recursos Humanos e especialista em Gestão da Mudança, já trabalhou em grandes empresas como a Ernst & Young e Accenture e, atualmente, atua pela empresa de atenção domiciliar Pionnier.